terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Os livros



O nome deste blog cai-me que nem uma luva. A noite tem um poder sobre mim indiscritivel. É á noite que tenho por hábito escrever, ler ou, simplesmente mexer nos livros. Tenho o hábito de escrever, não com a ambição de me tornar em escritora mas sim pelo puro prazer que me dá fazê-lo. Muito do que escrevo guardo, outras vezes rasgo mas, hoje tomei uma resolução: Apartir de hoje vou passar a registar tudo aqui neste espaço que, ao fim ao cabo, é o meu espaço. Hoje decidi falar de livros. Não de um livro em concreto mas em livros, em muitos livros.

Encontramos livros em bibliotecas e livrarias. Ali, devido ao seu enorme número, assustam o neófito. Reúnidos num só local, os livros essemelham-se a um exército ameaçador a perfilar-se a toda a volta, e todos eles parecem clamar por ser lidos. No seu meio, o leitor pouco ou nada regular sente-se como um bêbado no meio de uma manada de zebras em pleno galope. Tudo se lhe confunde perante os olhos. A quantidade dos livros intimida-o e recorda-o de tudo quanto não sabe. Estas toneladas de conhecimento são, muitas vezes, a medida da sua ignorância. Escolher entre milhares, que se encontram numa biblioteca , um único volume , abri-lo e começar a lê-lo parece um empreendimento por demais ridiculo. Recorda a tentativa de esvaziar um oceano num dedal. A simples visão de uma única prateleira desmoraliza-o. Depois de o visitante ter deixado que esta impressão actuasse sobre a sua mente, ele fica profundamente deprimido. Neste fatidico momento tem uma alucinação: na sua mente, surge-lhe a imagem do café como o local onde se refugiam os náufragos que correm o perigo de se afundar no mar dos livros e, pouco antes de morrer asfixiado, abandona a biblioteca, não sem antes olhar para trás das costas, que os aborígenes continuam a tratar dos seus afazeres com tanta tranquilidade, que até parece não repararem no ambiente hostil em que se encontram inseridos. É algo assim que espera o aventureiro que pela primeira vez põe o pé numa biblioteca enquanto que o utilizador habitual sente-se numa biblioteca de uma forma muito mais segura e descontraida. Em primeiro lugar nem se apercebe da quantidade de livros que o rodeiam porque apenas vê o livro que utiliza naquele momento e,talvez mais algum da sua familia. Um verdadeiro utilizador de bibliotecas é como um amante: para ele só existe aquele livro que de momento se encontra a ler, e se ainda está á procura, também não pensa na quantidade mas sim naquele livro único que algures o espera para com ele passar momento que também são únicos porque a verdade é que com os livros corremos o mundo, imaginamos emoções, cheiros, porque cada um de nós sente de forma diferente o conteúdo de um livro.

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