sábado, 5 de abril de 2008

E por falar em Abril

A 25 de Abril de 1974, a imagem e a realidade de um oficial do exército á frente de um tanque, envolvido pela multidão, percorreu a partir do Chiado, todo o país.
A emoção de uma rendição anunciada esteve no rosto, no risco de vida, nas indecisões, ou a´te, no medo desse militar. Salgueiro Maia foi o mensageiro da Liberdade. E, nesse caminho, o rosto e a coragem de um povo. O exército Português, que ele simbolizou, nesse acto material de rendição da ditadura, deve-lhe o inicia de uma nova imagem, de uma outra realidade. De exército colonial a exército libertador.
Mas dai por diante, tudo foi mudando nas rodas do poder, das carreiras e da fortuna. Maia regressou á sua unidade, continuou garante dos grandes e nobres ideais de Abril e foi colocado em postos secundários indignos da sua condição militar. Foi encarregado de biblioteca, chefe de presidio, enfim...foi atirado para lugares subalternos por chefes militares cuja grandeza se evidenciava nas estrelas e dourados que lhes adornavam as vestes.
Mas, de Maia ficará sempre a força de carácter, a dignidade de um exemplo, a sobrancelha orgulhosa de quem nunca se vergou ás pequenas fortunas de um quotidiano cinzento.
Para a cultura Portuguesa, a saída da liberdade de Abril é, porém, um novo golpe. Em vida tudo se esquece e, na morte chora-se a grandeza que não foi reconhecida no tempo certo. Isto vem a propósito porque acho injusto que Salgueiro Maia tivesse visto ser-lhe recusado pelos poderes públicos o reconhecimento dos " serviços distintos" prestados á Pátria. O homem que foi um obreiro decisivo e indiscutível na instauração da liberdade e da democracia não é reconhecido por este acto. Evidentemente que Maia não saiu diminuido deste episódio. Quem assim decidiu é que é de facto diminuto e, como tal, não deveria nunca ocupar o cargo de decisor de quem merece ou não este reconhecimento.
A história, aos poucos, tem reposto a verdade. Salgueiro Maia, esse, teve o fim que escolheu: ao som da " Grandola vila morena, terra da fraternidade".

2 comentários:

Anônimo disse...

a menina nao leu o «livro» nao «viveu» a coisa mas viu o filme: Capitães de Abril

Realizadora: Maria de Medeiros
Intérpretes: Stefano Accorsi, Maria de Medeiros, Joaquim de Almeida, Joaquim Leitão
Portugal/Itália/França/Espanha, 2000

a vida nao é a preto e branco tem muitos tons de cinzento... as imagens constroiem-se nao existem per si... um bom fds e bom concerto do abrunhosa para si :)

lusitana disse...

Ah...como eu tenho saudades de houvir essa cancao!
A tao famosa GRANDOLA VILA MORENA
TERRA DA FRATERNIDADE
O POVO É QUEM MAIS ORDENA
DENTRO DE TI Ó CIDADE!
É fantastica!
Com que entao conserto do abrunhosa!!!!!!!
Diverte te.
beijokas.